O uso de criptomoedas no mercado financeiro revolucionou o modo como lidamos com o dinheiro gerando mais agilidade, transparência, facilidade, segurança e diversos outros benefícios aos seus usuários, mostrando um caminho sem volta para um movimento cada vez mais de digitalização mundo financeiro.
Ainda assim, na cabeça dos mais céticos perduram dúvidas quanto a confiabilidade das criptomoedas e sua tecnologia base, o Blockchain, tecendo críticas apesar de terem se tornado a cada dia mais raras.
Prova viva da mudança de mentalidade vemos em 2017 na fala de Jamie Dimon, CEO do JPMorgan, que rotulou o Bitcoin como fraude e em outubro de 2020, o próprio banco de investimentos disse que o Bitcoin está competindo solidamente com o ouro e que “o potencial de alta a longo prazo para o Bitcoin é considerável”.
Além disso, gigantes da tecnologia como Walmart, IBM, Maersk, FedEx e Salesforce além de terem utilizado o Blockchain em diversas de suas soluções ainda que não estejam voltadas para o mercado financeiro, correm para a criação de novas criptomoedas como é o caso da Libra do Facebook.
Ainda que o mundo esteja evoluindo a favor das criptomoedas, ainda existem desafios que elas devem enfrentar para que a sua adoção seja unânime.
Reputação
Por algum tempo tanto o Blockchain como as criptomoedas, especialmente o Bitcoin, têm enfrentado críticas, principalmente decorrentes do mau uso da sua inteligência. Como toda nova tecnologia, muitas vezes pelo desconhecimento, é preferível culpar a própria tecnologia.
Aos desconhecidos, a menção aos termos Blockchain e criptomoeda pode lhes fazer pensar em atores desonestos, criminosos e esquemas Ponzi (pirâmide financeira) de enriquecimento rápido que empregam tecnologia emergente para perpetuar fraudes milionárias.
As fraudes podem e vão existir em qualquer lugar, porém nesse caso, todas elas são decorrentes de um agente mal intencionado e não especificamente a fraudes no Blockchain. Os sistemas Blockchain são mais seguros em comparação com as estruturas de computador convencionais, no entanto os hackers ainda podem violar aplicativos, sistemas e empresas que oferecem serviços de Blockchain.
Imaturidade
Quando se trata de tecnologia, existe uma tendência natural para superestimar o efeito da tecnologia emergente a curto prazo e subestimá-lo a longo prazo. Com isso em mente, a imaturidade no uso da tecnologia Blockchain e das criptomoedas cria desafios significativos que precisam ser superados antes que a adoção em massa seja concretizada.
Além de não ser muito claro para os novos usuários como se compra ou vende uma criptomoeda, processos de verificação de segurança podem se tornar um grande desafio para uma aceitação em larga escala.
Problemas de capacidade de processamento também se tornam um grande desafio para as plataformas, que têm um grande caminho a percorrer nesse sentido. Por exemplo, o Ethereum, a plataforma pioneira de contratos inteligentes e aplicativos descentralizados (dApps) processa apenas 15 transações por segundo.
Legislação
Por ser uma tecnologia nova e totalmente disruptiva que confronta modelos e padrões tradicionais da economia, gera conflito e aversão de muita gente incomodada, como foi o caso do Uber no Brasil. Essencialmente, as políticas econômicas e os legisladores favorecem os sistemas tradicionais em detrimento dos disruptivos.
Obviamente, a tecnologia Blockchain e as criptomoedas apresentam novos desafios para os reguladores que procuram proteger consumidores e mercados, porém acabam privando-os de todos os benefícios.
Apesar de algumas das maiores economias, ainda estarem receosas em relação a atuação dessa tecnologia, a primeira grande economia que abraçar a Blockchain de forma significativa e criar um sistema regulatório que promova a inovação, salvaguardando os usuários ao mesmo tempo, impulsionará o crescimento previsto da Blockchain.
O Banco Popular da China anunciou a criação do seu yuan digital e seu líder chinês Xi Jinping incentivou o resto do país a abraçar as oportunidades geradas pelo blockchain para impulsionar a inovação do país. Além disso, o próprio governo brasileiro em 2019 publicou regulamentação específica para o tratamento tributário das criptomoedas.
Conclusão
Apesar da desconfiança inicial e do desconhecimento por parte do grande público, as criptomoedas vieram para ficar e continuarão a operar de forma distribuída, sem entidade controladora e conferindo além de liberdade e empoderamento, diversos outros benefícios aos seus usuários.
De fato, novas tecnologias geram questionamentos e novos desafios, porém, o desenvolvimento e maior adesão das criptomoedas, e consequentemente do Blockchain, escancara a falta de transparência dos modelos e tradicionais intermediários mostrando ainda mais que as regras podem ser as mesmas para todos, gerando novas e boas ideias que podem ser mais facilmente executadas, financiadas e recompensadas, além de favorecer ainda mais o consumidor.